O G20 Social é o espaço dedicado à sociedade civil dentro do G20, onde organizações, movimentos e ativistas se reúnem para influenciar as decisões dos líderes das maiores economias do mundo. É uma oportunidade para destacar temas frequentemente negligenciados nas negociações oficiais, como a justiça social e a sustentabilidade.
A Oxfam esteve presente trazendo as pautas de combate à desigualdade e defesa dos direitos das populações em vulnerabilidade, ajudando a garantir que as políticas e ações internacionais reflitam as necessidades da sociedade.
Neste primeiro dia do G20 Social (14/11), a Oxfam esteve presente em painéis sobre três temas centrais: a crise climática e suas ligações com desigualdades e racismo ambiental, a importância da taxação dos super-ricos para reduzir a desigualdade, e o lançamento de um documento focado no empoderamento econômico da população afrodescendente.
Esses debates trouxeram à tona as urgências sociais e econômicas que desafiam o Brasil e o mundo, com uma forte ênfase em justiça social e inclusão.
Crise Climática e Desigualdades: Racismo Ambiental em Foco
A primeira mesa discutiu como as mudanças climáticas afetam desproporcionalmente as populações vulneráveis, com destaque para o racismo ambiental – onde comunidades negras e periféricas sofrem os piores impactos, mesmo sendo as que menos contribuem para esse cenário.
Especialistas e ativistas apontaram a necessidade de políticas públicas que protejam esses grupos, já que, historicamente, as decisões ambientais não consideram esses aspectos. A questão do racismo ambiental reforça a urgência de uma ação climática justa e inclusiva.
Pensar outra sociedade é pensar em um modelo de desenvolvimento que não deixe ninguém para trás. Precisamos de um fazer que seja realmente decolonial, que parte desse lugar.
Viviana Santiago
diretora executiva da Oxfam Brasil
Construindo sociedades solidárias
O painel “Building Caring Societies,” destacou a importância de reconhecer e valorizar o trabalho de cuidado não remunerado realizado principalmente por mulheres e meninas.
Esse trabalho essencial, que inclui atividades como cuidar de crianças, idosos e das tarefas domésticas, é muitas vezes invisibilizado e desvalorizado.
Segundo o relatório Tempo de Cuidar da Oxfam, o valor econômico desse trabalho chega a pelo menos 10,8 trilhões de dólares ao ano, contribuindo para a economia global de forma massiva, mas sem o devido reconhecimento ou compensação financeira.
Esse cenário reforça a desigualdade de gênero, pois impede que milhões de mulheres tenham as mesmas oportunidades de educação e desenvolvimento profissional.
No G20 Social, a importância de construir sociedades que valorizem e apoiem o trabalho de cuidado foi um dos temas centrais para a promoção de uma economia verdadeiramente inclusiva e igualitária.
Taxação dos Super-Ricos: Uma Solução para Reduzir Desigualdades
A taxação dos super-ricos como uma estratégia para financiar políticas de bem-estar social e reduzir as desigualdades econômicas foi o tema de outro painel.
Gloria Garcia-Parra, diretora regional da Oxfam para América Latina e Caribe, defendeu que, com uma taxação justa, é possível destinar recursos para áreas como saúde, educação e meio ambiente, beneficiando a população mais vulnerável e fortalecendo as bases de uma economia mais igualitária.
“É necessário estabelecer mecanismos de aprendizado com outras regiões, especialmente com a África, que conseguiu ter um forte impacto na convenção tributária da ONU.” declarou Gloria.
Os membros do painel concordaram com a necessidade de tomar medidas globais e regionais contra a evasão e a corrupção fiscal, bem como a importância de coordenar essas ações com outros movimentos, como o feminismo e a justiça climática
Empoderamento Econômico da População Afrodescendente e o Papel dos Bancos
O dia terminou com o lançamento do documento “Empoderamento Econômico da População Afrodescendente e o Papel dos Bancos Nacionais e Multilaterais de Desenvolvimento”.
O estudo aponta caminhos para que instituições financeiras promovam o crescimento econômico da população afrodescendente. Enfatiza-se o papel dos bancos de desenvolvimento na redução das desigualdades raciais e no apoio a iniciativas econômicas que promovam a inclusão.
O primeiro dia do G20 Social evidenciou o papel da sociedade civil em pressionar por uma agenda global mais justa. Os temas abordados são um convite para líderes e instituições assumirem compromissos concretos com a redução das desigualdades sociais e o fortalecimento de uma economia inclusiva e sustentável.