Zainab Bangura, que trabalhou para a ONU como especialista em violência sexual em zonas de conflito, e Katherine Sierra, ex-Banco Mundial que liderou força tarefa no organismo para enfrentar violência de gênero, foram anunciadas nesta sexta-feira (16/3) pela Oxfam como os nomes que comandarão a Comissão Independente Internacional que analisará casos de abusos sexuais na organização.
A Comissão foi formada em resposta aos incidentes de abusos sexuais cometidos por integrantes da Oxfam em países como Chade e Haiti, e também para analisar a forma como a Oxfam lidou com os casos à época. A medida faz parte de um plano de ação com dez pontos que buscam fortalecer os sistemas de salvaguarda contra abusos e propiciar uma transformação organizacional.
Leia comunicado da Oxfam Brasil sobre o caso.
Veja aqui a íntegra do Plano de Ação
Bangura é natural de Serra Leoa, na África Ocidental, onde foi ministra de Relações Exteriores e Cooperação Internacional. Sierra foi vice-presidente do Banco Mundial para Recursos Humanos e Desenvolvimento Sustentável.
Bangura e Sierra vão comandar um grupo independente de especialistas de várias partes do mundo que vão analisar todos os aspectos da cultura, políticas e práticas da Oxfam relacionadas a salvaguardas para a equipe, voluntários e beneficiários.
Outros integrantes da Comissão Independente são:
– Aya Chebbi, co-fundadora da Inicitativa Voz de Mulheres e fundadora do Movimento Juventude Afrika.
– James Cottrell, ex-diretor de Ética Global e Responsabilidade Corporativa e Sustentabilidade Global na Deloitte.
– Musimbi Kanyoro, presidente e CEO do Fundo Global para Mulheres.
– Birgitta Ohlsson, ex-ministra para Assuntos da União Europeia da Suécia.
– Katharina Samara-Wickrama, diretora do Programa de Assuntos que Afetam as Mulheres na Fundação Oak.
Outros integrantes estão sendo confirmados e serão anunciados em breve.
A Comissão vai apresentar um relatório com recomendações sobre o que a Oxfam e o setor de ajuda humanitária podem fazer para criar uma cultura de tolerância zero para qualquer tipo de abuso, assédio ou exploração sexual. Tanto o relatório como a investigação em si serão divulgadas ao público.
Para Katherine Sierra, o desafio de participar da Comissão é essencial para entender o que deu errado no passado e o que pode ser feito para evitar novos casos: “Aceitei o desafio de ajudar a liderar essa Comissão Independente porque é essencial entender se as ações tomadas pela Oxfam desde 2011 foram ou não eficientes na redução do risco de tais incidentes, e o que mais pode ser feito para evitar que tais coisas se repitam. Também para assegurar que qualquer incidente que ocorra tenha resposta apropriada, incluindo em termos de apoio providenciado a vítimas e sobreviventes.
Anseio pela oportunidade de trabalhar com meus colegas na Comissão para identificar as lições cruciais e desafiadoras, tanto para a Oxfam como para os setores de desenvolvimento e ajuda humanitária.”
Zainab Bangura, por sua vez, afirma que os sobreviventes e vítimas dos abusos estarão “no coração de nossa investigação”, esta uma importante ferramenta para toda o setor de ajuda humanitária um lugar mais seguro para todos e todas. “Admiro há tempos o trabalho da Oxfam e de outras agências de ajuda humanitária, cujos integrantes frequentemente arriscam suas vidas para ajudar outros em situações terrivelmente difíceis. Por isso muitos de nós ficamos preocupados em ver as notícias sobre o que alguns ex-funcionários da Oxfam fizeram no Haiti.”