A Oxfam celebra o anúncio de libertação de reféns israelenses e palestinos, e o estabelecimento de uma pausa humanitária de quatro dias nas hostilidades em Gaza entre o Hamas e o governo de Israel, mas considera que o necessário cessar-fogo permanente ainda está distante de ser obtido.
“Celebramos a libertação de reféns israelenses e palestinos. Esse acordo permite o tempo necessário para que famílias de ambos os lados possam se reencontrar e celebrar o retorno seguro de seus entes queridos, e lamentar aqueles que foram perdidos. Seria otimista considerar isto como o início de um caminho para o cessar-fogo permanente – isso parece distante ainda”, afirma Marta Valdez Garcia, diretora da área Humanitária da Oxfam.
“Qualquer pausa neste momento é importante, mas o cessar-fogo é a única forma de parar com a violência desmedida”, afirma Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil. “Nossa solidariedade a todas e todos que estão na linha de fogo, a exemplo da equipe da Oxfam em Gaza.”
Esforço de emergência
Essa pausa nos bombardeios e destruição em Gaza, que estão causando tanto sofrimento a mais de 2 milhões de palestinos é uma trégua bem-vinda para a entrega de alguma ajuda humanitária – mas não mais do que isso. Os próximos quatro dias serão consumidos por um esforço de emergência desesperado que só pode oferecer um alívio muito limitado, não à altura do sofrimento e da destruição – e, em última análise, sem sustentabilidade. Este é um curativo que será arrancado de uma ferida sangrando após quatro dias.
Não há pausas suficientemente longas, nem corredores suficientemente largos, nem outras opções para prestar ajuda suficientemente criativas, para aliviar o sofrimento de 2 milhões de pessoas, a destruição de Gaza e a perda de vidas inocentes. O fato de esta pausa ser agora o tema central da discussão significa mais um dia sem progresso para a única solução humanitária que realmente importa: o fim deste horrível derramamento de sangue.
A comunidade internacional deve defender urgentemente que esta trégua evolua para um cessar-fogo duradouro, garantindo ajuda humanitária e combustível através de Israel e do Egito. E isso deve culminar em um processo de paz que aborde o cerne do conflito: o fim à prolongada ocupação militar do território palestino e ao bloqueiro de Gaza por Israel, assegurando ao mesmo tempo a libertação de todos os reféns.
Este processo de paz deve defender os direitos civis, políticos e humanos dos palestinos, enfatizando seu direito à autodeterminação e à igualdade. Embora a trégua permita o luto e o enterro das pessoas que morreram, ela não reconstrói casas nem restaura direitos; estes permanecem sufocados sob o cerco. Precisamos de uma resolução abrangente e justa tanto para os palestinos como para israelenses.