A luta histórica dos movimentos negros no enfrentamento ao racismo foi o ponto de partida do Conversas para Mudar do dia 14 de maio, que recebeu Maria Sylvia, diretora de Gênero, Raça e Equidade no Instituto da Mulher Negra – Geledés.
Maria Sylvia falou sobre a falsa abolição da escravatura, que não apenas criou o mito da Princesa Isabel como salvadora, ignorando a história de Zumbi dos Palmares, Dandara, Luís Gama e de outras pessoas negras que foram protagonistas das lutas pela libertação, mas que também não veio acompanhada de políticas públicas que garantissem condições mínimas de vida e trabalho para essa população.
“O Brasil foi a último país a abolir a escravidão e esse processo diz muito do que a população negra vivencia hoje. Esse racismo estrutural acaba permeando todas as relações sociais”, comentou.
O processo de exclusão e desigualdades no Brasil afeta sobretudo as mulheres negras que vivem nas periferias e favelas do país. Elas são maioria nos trabalhos informais e entre as pessoas desempregadas, além de receberam menores salários. Por outro lado, são as mulheres, os jovens negros e as populações quilombolas que estão na linha de frente da luta por direitos.
“Foram muitos os avanços do movimento negro. Criminalizar o racismo, por exemplo, não foi pouca coisa. Mas ainda há muito para avançar, precisamos continuar pressionando os governos por políticas de reparação”, disse.
Sem o enfrentamento desta lógica injusta que deixa milhões de mulheres negras sem a possibilidade de exercerem minimamente seus direitos, o país não conseguirá um padrão de desenvolvimento mais equitativo, democrático e sustentável. Por isso, um dos temas abordados foi justamente a necessidade de se eleger mais mulheres negras.
“Como você constrói uma política pública para um grupo específico da população, por exemplo, mulheres negras, sem que tenhamos mulheres negras na implementação e monitoramento dessa política? Esse beneficiário tem que ajudar construir essa política”, finalizou.