As desigualdades fazem parte das estruturas brasileiras e isso não é novidade. A pandemia da Covid-19 intensificou os problemas que afligem boa parte da população, com aumento do desemprego e a volta da fome para quase 20 milhões de pessoas, e colocou ao Estado brasileiro o desafio de encontrar soluções para a situação. Uma das alternativas encontradas foi a adoção de um auxílio emergencial, que vem provando ser capaz de evitar que as pessoas sejam empurradas à miséria. Mas como financiar a iniciativa? Quais outras medidas podem ser tomadas para não deixar milhões de pessoas sem o necessário amparo frente às desigualdades?
“As pessoas estão mais conscientes da necessidade de ter políticas sociais, neste momento de aumento de desigualdades. Mas essas políticas sociais políticas precisam ser financiadas. Elas não surgem do nada, é necessário ter impostos”, afirmou Jefferson Nascimento, coordenador de Pesquisa e Incidência em Justiça Social e Econômica da Oxfam Brasil durante o webinário “O Brasil deve aumentar impostos para combater a pobreza?”, organizado quinta-feira (24/6) pelo Instituto Brasil de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) em parceria com o jornal Folha de S. Paulo.
“Esse momento da pandemia nos ajudou a analisar. O Programa de Auxílio Emergencial nos ajudou a ver o impacto que um programa de transferência de renda desse porte pode ter”, afirmou Jefferson, que debateu a questão juntamente com Samuel Pessôa, pesquisador associado da Ibre/FGV, e Vilma Pinto, assessora da Secretaria de Estado da Fazenda do Paraná. A mediação do encontro foi de Fernando Canzian, repórter especial da Folha.
Durante o webinário, dados da nossa 3ª pesquisa Nós e as Desigualdades, realizada em parceria com o Instituto Datafolha, foram analisados pelos participantes – principalmente o resultado que mostrou que 84% dos brasileiros defendem aumento de impostos para super-ricos para financiar serviços essenciais.
Também foram discutidas questões relacionadas ao Imposto de Renda, de como torna-lo mais progressivo, e o valor que a União precisa empregar no custeio de aposentadorias e benefícios de servidores públicos.
Veja abaixo como foi o debate: