A concentração de riqueza no mundo está em níveis alarmantes. Se todos sentassem sobre suas riquezas empilhadas em notas de 100 dólares, teríamos: a maior parte da humanidade sentada no nível do chão; uma pessoa de classe média em um país rico ficaria sentada na altura de uma cadeira; e os dois homens mais ricos do mundo – Jeff Bezos da Amazon e Bill Gates da Microsoft – sentados no nível do espaço sideral. Eis, portanto, uma boa hora para uma maior tributação sobre grandes fortunas, não?
Essa imagem de bilionários no espaço dá bem a ideia de como está a concentração de riqueza no mundo hoje. Você encontrará mais detalhes em nosso relatório Tempo de cuidar: o trabalho de cuidado não remunerado e mal pago e a crise global da desigualdade, lançado às vésperas do Fórum Econômico de Davos (Suíça).
Os níveis de desigualdade e concentração de riqueza alcançaram níveis tão absurdos que chamou a atenção de um grupo de milionários e bilionários. Capitaneados pelos herdeiros Disney (Abigail e Tim), eles divulgaram uma carta aberta em defesa de maior tributação sobre grandes fortunas.
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Assim, a carta foi lançada em Davos deste ano, onde os super-ricos se reúnem anualmente para discutir as principais questões globais – crises financeiras, mudanças climáticas e, claro, a desigualdade.
A carta do grupo Patriotic Millionaires and Human Act, que reúne mais de 120 milionário e bilionários de 8 países, afirma que “existem dois tipos de pessoas ricas no mundo: aquelas que preferem impostos e aquelas que preferem a revolta popular. Nós que assinamos [esta carta] preferimos impostos”.
Tributação sobre grandes fortunas
Dessa forma, o conteúdo da carta destaca os efeitos devastadores das desigualdades para o conjunto da sociedade. Isso indica ainda como soluções o aumento dos impostos sobre os super-ricos e o trabalho para acabar com os paraísos fiscais.
E eles têm razão. Uma tributação adicional de 0,5% sobre a riqueza do 1% mais rico, nos próximos 10 anos, equivale a investimentos necessários para a criação de 117 milhões de empregos nos setores de educação, saúde e assistência a idosos. Assim seria possível redistribuir parte da imensa riqueza acumulada por uns poucos bilionários.
Quem são os super-ricos contra a concentração de riqueza extrema
Entre os signatários, além dos herdeiros da Disney, estão Chris Anderson (Reino Unido), fundador do TED; o investidor de risco Nick Hanauer (EUA) e o ator e roteirista Simon Pegg (Reino Unido).
“Nenhuma sociedade pode funcionar efetivamente sem uma base tributária sólida, que requer comportamento responsável de todos, especialmente do crescente número de milionários e bilionários neste mundo”, afirma Paul Polman, co-fundador da IMAGINE e ex-CEO da Unilever.
Por sua vez, o presidente do Patriotic Millionaires and Human Act e ex-executivo da Blackrock, Morris Pearl, afirma que os super-ricos evitam impostos movendo seu dinheiro ao redor do mundo. “Garantir que os ricos paguem sua parte justa exigirá um esforço global coordenado”, afirma. Portanto, cabem aos governos do mundo encontrarem meios para fazer com que os mais ricos paguem mais impostos.