Em encontro com jornalistas de plataformas diversas, a Diretora Executiva da Oxfam Brasil, Viviana Santiago, apresentou os próximos passos da organização, onde a comunicação será cada vez mais estratégica para o trabalho realizado. O ponto central da discussão se deu no debate sobre o acesso às narrativas e informações sobre desigualdades que, na maioria das vezes, se mantém centralizadas em pessoas que não são as mais impactadas, evidenciando o problema de acesso à informação que está intimamente ligado a questões raciais.
Considerando o trabalho de produção de dados desenvolvido pela Oxfam Brasil, é de extrema importância que esse tipo de informação possa furar a bolha e chegar às periferias. O poder que a mídia tem na disseminação de narrativas muitas vezes contribui para o processo de desinformação e violação de direitos, e encontrar meios de traduzir conteúdos, através de uma linguagem simples, é uma estratégia para fazer com que informações de qualidade cheguem a públicos diversos e para quebrar esse ciclo.
A presença de jornalistas de plataformas independentes também traz outra questão à tona: a falta de recursos para a manutenção de projetos de comunicação nas periferias. As plataformas de comunicação das periferias têm tido um papel fundamental no que diz respeito ao acesso às pessoas que são mais fortemente impactadas pelas desigualdades, proporcionando uma comunicação efetiva com esses públicos. Porém a dificuldade de acessar recursos para a manutenção dessas ações ainda é grande.
Gisele Alexandre, do Manda Notícias, diz que o combate às desigualdades de acesso à informação é o propósito de trabalho dos jornalistas periféricos, mas que é essencial pensar como se dá a continuidade desses trabalhos. Thaís Siqueira, do Jornal Desenrola e Não me Enrola, afirma, ainda, que o jornalismo periférico não é narrativo, pois as violências cotidianas atravessam os profissionais na forma que eles vivenciam todo o trabalho que comunicam.
Considerando a racialidade como questão central no debate sobre comunicação e descentralização da informação, Nilza Iraci, do Portal Geledés, traz a reflexão da novidade que é uma mulher negra, consciente e que quer propor mudanças nas formas de como fazer as coisas, ser liderança em uma organização com projeção internacional.
O encontro aconteceu na manhã do dia 15 de maio e contou com a participação de mais de vinte pessoas representando plataformas de jornalismo das periferias e veículos tradicionais de jornalismo.