Conte um pouco sobre sua história.
Eu sou Yacunã, indígena da etnia Tuxá de Rodelas, Bahia. Atualmente, resido e resisto na grande capital baiana, Salvador, onde divido o meu tempo entre estudar e trabalhar. Sou graduanda em Letras na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e atuo como ativista e artista visual.
As minhas obras são potencialmente influenciadas pela espiritualidade, memória e sabedoria das anciãs de meu povo. Desde menina, recebi dessas mulheres os ensinamentos necessários para seguir no caminho da resistência e da ancestralidade.
Sou ilustradora, desenhista, e às vezes pintora, colagista e também escritora. Entretanto, apesar de transitar entre as linguagens, todas as minhas produções artísticas mergulham na memória da minha gente e revelam o nosso movimento para existir.
Como você vê as desigualdades brasileiras?
Para mim, as desigualdades brasileiras refletem toda a violência e exploração que foram engendradas para a construção dessa nação. É preciso conhecer o passado desse país e encarar a história, enfrentar o racismo, a concentração de terras e de riquezas, combater o machismo e a violência contra as mulheres, investir em saúde e educação.
Fale sobre sua obra que está no calendário Oxfam Brasil 2022.
Desde a invasão até o presente momento, os povos indígenas do Brasil vivem em constante ameaça e a luta em defesa da vida e do território são constantes. A minha obra é um diálogo direto com a articulação das mulheres indígenas no Brasil. Para mim, as mulheres indígenas formam a base do movimento. Juntas elas unem as suas vozes, os seus corpos e entoam o canto de resistência que nos mantém fortes. Nessa ilustração eu busquei retratar essa força que nos movimenta e alicerça.